A convergência do dinheiro e da internet
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Pontos mais importantes
- As moedas digitais e as blockchain podem oferecer uma utilidade incomparável como uma infraestrutura nova e unificada para pagamentos, comércio e mercado de capitais incorporada diretamente na internet.
- O USDC da Circle pode se tornar o futuro do dólar, à medida que evolui para além dos “dólares eletrônicos transferidos por meio da ACH”, que as instituições financeiras enviam entre si de forma privada por meio de uma infraestrutura de computadores projetada décadas atrás."
- Essa infraestrutura estabelece as bases para uma nova “internet do dinheiro” que permite que o valor financeiro circule pelo mundo a qualquer momento, de maneira quase imediata e com um custo menor do que os sistemas de pagamento tradicionais.
A moeda digital e a evolução do dinheiro
O início da fase de utilidade
A ascensão da moeda digital, iniciada com o lançamento do Bitcoin em 2009, surpreendeu o mundo. Mas o foco da última década na especulação de preços e na alta volatilidade desviou a atenção do que consideramos ser os aspectos mais promissores desse grande avanço no setor monetário e tecnológico.
Na nossa visão, as moedas digitais e as blockchains pelas quais elas trafegam oferecem uma utilidade inigualável como infraestrutura nova e unificada para pagamentos, comércio e mercados de capital incorporada diretamente à internet.
Juntas, elas estabelecem as bases para uma nova “internet do dinheiro” capaz de contornar os sistemas de liquidação atuais, que são fragmentados e desatualizados e apresentam custos de trilhões de dólares por ano, além de atrasos imensuráveis para pessoas e empresas no mundo todo.
Essa nova internet do dinheiro permite que o valor financeiro chegue a todos os lugares, a qualquer momento, de forma quase instantânea, a um custo menor e de forma permissionless (sem a necessidade de permissão de terceiros), para que qualquer pessoa com conexão de internet possa acessá-la.
À medida que mais empresas e instituições reconhecem os benefícios transformadores em custos e velocidade das liquidações pela internet, esperamos que mais pagamentos, comércio e negociações passem para essa nova camada. Isso poderia ajudar a liberar trilhões de dólares em valor retido e desencadear grandes mudanças que acabariam se espalhando por toda a sociedade.
Dentro de alguns anos, tais mudanças poderão começar a transformar a economia geral de forma semelhante ao que ocorreu durante o surgimento da internet no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, à medida que milhões de pessoas, e depois bilhões, obtiveram acesso a ela.
Todas essas tendências podem acelerar a próxima onda do “software comendo o mundo”, como Marc Andreessen escreveu em 2011 sobre a maneira como a internet original revolucionou os livros, a música, os vídeos, a publicidade e outros setores, deixando-os mais rápidos, baratos e fáceis de consumir e operar, reduzindo as barreiras de entrada2.
Redução da receita nos setores tradicionais, 2002-20203
Para colocar a oportunidade em perspectiva, acreditamos que as moedas digitais e as blockchains poderiam começar a abocanhar porções significativas do mercado de pagamentos globais de 35 trilhões de dólares4 e da oferta monetária M2 de 130 trilhões5, assim como iterações anteriores da internet devoraram muitos setores tradicionais por meio da destruição causada pela criatividade digital.
A tokenização de tudo
Embora imensos, os fluxos financeiros de hoje são apenas o começo do que acreditamos que essa nova camada da internet pode vir a absorver. A história da internet não é marcada apenas pela remodelação radical dos setores existentes, mas também pela criação de modelos de negócio totalmente novos que não eram possíveis, ou mesmo concebíveis, antes dos avanços em tecnologia e conectividade.
Um dos maiores avanços da blockchain é que ela permite que ativos do "mundo real", como casas, carros, prédios comerciais, fábricas, ingressos para shows, pontos de fidelidade, certificados de ações e muito mais, sejam representados online na forma de tokens digitais unicamente identificáveis. Tais tokens podem facilitar o rastreamento, a transferência e o armazenamento online da prova de propriedade dos ativos correspondentes em uma carteira digital.
A incorporação da propriedade desses ativos na internet (juntamente com os fluxos financeiros que os acompanham) pode abrir as portas para um futuro de possibilidades, em que quase tudo pode ser tokenizado, financiado e negociado por qualquer pessoa, a qualquer hora, em qualquer lugar, tudo isso sem a necessidade de passar pelos intermediários financeiros tradicionais (na Parte 3 desta série, vamos falar com mais detalhes sobre como a natureza descentralizada da blockchain torna isso possível).
O novo mundo das finanças tokenizadas pode efetivamente reduzir o tempo de liquidação de transações complicadas, como a venda de imóveis, de meses para apenas alguns segundos (consulte na Parte 5 desta série uma análise mais detalhada dos mercados tokenizados emergentes).
Atualmente em estado inicial, a maior parte do comércio tokenizado gira em torno da arte digital. Mas vemos um forte potencial para a tokenização gerar uma liquidez de mercado mais profunda e maior transparência em muitos tipos de ativos reais que historicamente não são líquidos nem transparentes.
À medida que os mundos físico e digital convergem nessa camada da internet financeira baseada em blockchain, permissionless e 24 horas, as oportunidades para negócios podem ser realmente imensas.
O avanço da stablecoin
As stablecoins, discutidas em detalhes ao longo desta série, são uma chave importante para abrir as portas a esse futuro potencial em escala global. Elas permitiram que o dólar e outras moedas emitidas por governos finalmente migrassem para o ecossistema online, assim como a maioria das outras formas de dados fizeram nas últimas décadas.
Essa verdadeira digitalização do dinheiro útil significa que ele pode viajar como e-mail, mensagens de texto e arquivos de vídeo — de forma universal, global, quase imediata e com menos despesas.
Em conjunto, as stablecoins e as blockchains representam uma grande evolução na história monetária. Elas podem trazer os benefícios da escala e da velocidade da internet para o ambiente atual de pagamentos globais, desencadeando um futuro de possibilidades em que as finanças e os ativos do mundo real sejam amplamente tokenizados.
Empresas tradicionais, corporações multinacionais, comerciantes individuais, governos, empresas nativas da blockchain, investidores institucionais e bilhões de pessoas no mundo poderiam colher as vantagens desse sistema financeiro mais rápido e inclusivo.
Como isso poderia acontecer
Em 1995, ninguém sonhava assistir a filmes por streaming em dispositivos móveis enquanto andava de metrô ou caminhava por cidades cheias de gente. No entanto, para inúmeras pessoas no mundo todo, agora é impossível imaginar a vida cotidiana sem isso.
Hoje estamos próximos a um salto semelhante no que diz respeito ao potencial do dinheiro, agora que ele existe como dados na internet. As próximas FAANGs (grupo de empresas composto por Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google) já estão empenhadas em criar a nova geração de serviços e aplicativos de internet que irão remodelar nossas vidas de maneiras que no momento só podemos imaginar. A moeda digital e a onipresença da internet estão alimentando um futuro em que o dinheiro poderá ser usado para fazer praticamente qualquer coisa, a qualquer hora.
A evolução da Amazon6
Todas as informações no rodapé 6 são da CNN, exceto quando especificado de outra forma
Embora a adoção generalizada provavelmente se estenda por vários anos, muitos dos principais casos de uso de pagamentos já estão preparados para a revolução, incluindo pagamentos de comerciantes e fornecedores, remessas globais e liquidação de negociações de ativos financeiros (consulte na Parte 4 e na Parte 5 uma análise mais detalhada).
Empresas podem usar essa tecnologia para transmitir a folha de pagamento em tempo real para os funcionários. Compradores e vendedores de imóveis podem vender e liquidar transações de imóveis residenciais de forma imediata. Artistas e músicos podem criar contratos de propriedade que lhes concedem automaticamente o direito a uma parcela das vendas no mercado secundário. Fornecedores internacionais podem receber pagamentos cross-border quase imediatamente e de forma barata, gerando um capital de giro importante para manter as cadeias de suprimento globais funcionando sem tropeços. Cafeterias podem receber quase em tempo real pagamentos irreversíveis e sem as taxas de intercâmbio que antes ficariam com uma porcentagem das vendas. Instituições podem negociar versões tokenizadas de ativos reais emitidos pelo governo na blockchain, com as negociações finalizadas em instantes, em vez de vários dias depois.
Todos esses cenários representam a liberação de valor e produtividade que estão desnecessariamente retidos pela tecnologia de processamento antiquada. Eles podem se tornar corriqueiros em um futuro próximo, assim como as notificações push em dispositivos móveis libertaram o jornalismo dos seus formatos tradicionais para chegar às pessoas em segundos, na tela de um smartphone, em vez de um dia depois na porta de casa ou nas bancas de jornal.
E todos esses cenários podem se tornar realidade de forma confiável e permissionless por meio de aplicativos em que as contrapartes podem verificar com segurança suas identidades usando credenciais descentralizadas, sem a necessidade de divulgar informações de identificação pessoal.
Isso pode ser apenas o começo. A maioria das moedas digitais e blockchains é programável e de código aberto, o que proporciona às empresas e aos desenvolvedores níveis de criatividade totalmente novos. Apesar da desaceleração, os desenvolvedores, recentemente munidos de US$ 50 bilhões em financiamento de risco8, estão acelerando essa grande evolução na forma como o valor econômico é criado, transacionado e armazenado globalmente. Seus produtos e serviços provavelmente nos surpreenderão de maneiras que ainda não podemos prever, assim como teria sido com a ideia do streaming de filmes em dispositivos móveis se tivesse surgido em 1995.
Qual o papel da Circle nesse contexto
A Circle é uma empresa de tecnologia financeira que está no epicentro dessas grandes mudanças. Nossa missão é aumentar a prosperidade econômica global por meio da troca de valores sem complicações. Estamos empenhados em usar os avanços dessa próxima camada da internet para ajudar o dinheiro a fluir livremente, tornando o mundo mais justo e próspero.
Em 2018, lançamos o USDC, uma stablecoin programável que ultrapassou os 40 bilhões de dólares em circulação em 16 de janeiro de 2023. Por ser muito confiável e fácil de trabalhar, o USDC está impulsionando muitas das rápidas inovações em finanças nativas da internet. O USDC está ascendendo o futuro do dólar americano, à medida que cresce para além das cédulas e do antigo dinheiro eletrônico que circula em um circuito fechado entre os intermediários financeiros tradicionais.
O surgimento de stablecoins como o USDC indica que essa evolução pode alcançar adoção em massa rapidamente, assim como o surgimento do smartphone e a adoção global dos dispositivos móveis levaram a era da internet dos computadores de mesa a novos patamares. Acreditamos que esse futuro é inevitável e temos o compromisso de tornar esses benefícios amplamente acessíveis para empresas de todos os lugares.
Crescimento do USDC com o tempo
Para muitos líderes empresariais, o mundo dos ativos digitais consiste em pouco mais do que moedas com caras de cachorro e desenhos de macacos. Esta série de artigos foi criada para ajudar você a enxergar além do burburinho, separar a inovação que veio para ficar do ruído passageiro e se preparar para esse grande ponto de virada na evolução do dinheiro e da internet.
Nos próximos quatro artigos, vamos apresentar muitos aspectos deste momento único para você avaliar as oportunidades na convergência das economias dos ativos tradicionais e digitais. Explicamos onde as blockchains se encaixam na história geral da internet, como obter e armazenar stablecoins e outras moedas digitais, maneiras de usá-las em pagamentos B2B e a comerciantes, como elas estão reconfigurando os mercados de capital e outros conceitos essenciais.
Primeiro, vamos ver em mais detalhes como o USDC transforma os dólares tradicionais, equipando-os com os superpoderes de custo e velocidade da internet.
USDC: o próximo formato do dólar
A era da stablecoin começou
Na primeira parte desta série, exploramos o impacto que as blockchains e as moedas digitais poderiam ter na economia e na sociedade. Agora é possível enviar valores pela internet da mesma forma que e-mails, arquivos de vídeo e JPEGs, de forma ampla, global, quase instantânea e barata. Assim, elimina-se o atrito econômico considerável que existe nos sistemas de pagamentos fragmentados e antiquados de hoje.
No futuro, ativos do mundo real, como carros e propriedades, poderão ter sua propriedade, financiamento e negociação dentro da blockchain, criando maior liquidez e reduzindo o tempo, o trabalho e os custos historicamente associados a essas transações.
Na Parte 2, damos uma olhada no crescimento recente das stablecoins com foco no USDC, emitido pela Circle. O dólar americano assumiu muitas formas desde o Coinage Act of 1792, mas evoluiu pouco além dos “dólares eletrônicos transferidos por meio da ACH” que as instituições financeiras enviam entre si de forma privada por meio de uma infraestrutura de computadores projetada décadas atrás.
O USDC é um ativo digital que tem paridade de preço com o dólar americano. Ele potencializa os dólares tradicionais com as vantagens de custo e velocidade da internet, sem a volatilidade de outras moedas digitais.
A importância de ser estável
A maioria das moedas digitais é criada para recompensar as pessoas que confirmam transações na blockchain. Os mineradores de Bitcoin recebem Bitcoin (BTC), os validadores de Ethereum recebem Ether (ETH) e assim por diante. Mas os preços desses ativos digitais podem ser extremamente voláteis, tornando-os até agora inadequados para adoção comercial em massa.
As blockchains habilitadas para a realização de contratos inteligentes permitem que os desenvolvedores introduzam outros ativos digitais nos seus ecossistemas (leia mais sobre contratos inteligentes na Parte 3 desta série). É aqui que as stablecoins, como o USDC, entram em cena. As stablecoins "programáveis" presentes em várias blockchains ao mesmo tempo podem ajudar a eliminar essa volatilidade de preços e estabelecer as bases para uma verdadeira reestruturação do comércio global.
As stablecoins não são todas criadas da mesma forma e é importante distinguir os diferentes tipos. O USDC é uma stablecoin de “reserva total” que pode ser resgatada por dólares americanos na proporção de 1:1. Recentemente, começamos a emitir EURC, uma stablecoin denominada em euros que é gerenciada usando o mesmo modelo de reserva total do USDC.
Outras stablecoins são lastreadas com ativos mais arriscados ou dependem de relações algorítmicas complicadas com outras moedas digitais para tentar manter sua proporção. O USDC elimina essas complicações com sua estrutura simples e fácil de entender.
A maior parte da reserva de USDC é mantida no Circle Reserve Fund (USDXX), um fundo de mercado monetário governamental registrado na SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unido) conforme a regra 2a-7. O Circle Reserve Fund pode conter dinheiro, títulos de curto prazo do Tesouro dos EUA e contratos de recompra overnight do Tesouro dos EUA com os principais bancos globais. São ativos comumente utilizados em fundos de mercado de curto prazo devido à sua liquidez e estabilidade. Relatórios diários, independentes e de terceiros sobre o portfólio estão disponíveis publicamente por meio da BlackRock.
O restante da reserva é mantido em dinheiro, principalmente entre alguns dos maiores bancos do mundo, com as exigências mais altas de capital, liquidez e supervisão do mundo. A reserva foi criada para proporcionar aos titulares liquidez imediata, mesmo em condições extremamente desafiadoras.
As reservas do USDC são divulgadas semanalmente em sua totalidade com os fluxos associados à emissão/queima. Além disso, uma empresa de contabilidade Big Four oferece mensalmente uma garantia de terceiros de que o valor das reservas de USDC é maior do que a quantidade de USDC em circulação. Os relatórios são preparados de acordo com as normas de certificação estabelecidas pelo American Institute of Certified Public Accountants (AICPA).
Disponibilidade global e alta liquidez
*Dados internos da Circle
A Circle também é regulamentada nos Estados Unidos sob as mesmas licenças de transmissor de dinheiro que regem outras instituições de pagamento amplamente utilizadas, incluindo o Apple Pay (que é compatível com o USDC) e o PayPal. O Congresso dos Estados Unidos está avançando em um arcabouço nacional para as stablecoins que poderia codificar na legislação federal muitas das nossas práticas de gerenciamento de risco do USDC.
A Circle também é licenciada no Reino Unido pela Financial Conduct Authority (FCA) e pela Bermuda Monetary Authority (BMA) nas Bermudas. No final de 2022, também recebemos a aprovação regulatória em princípios da Monetary Authority of Singapore (MAS) em Singapura.
O ecossistema de alto nível da Circle
O USDC também oferece outra vantagem importante: a interoperabilidade entre várias blockchains. Desde 16 de janeiro de 2022, ele é a principal stablecoin na Ethereum, plataforma de contrato inteligente atualmente líder do setor, e também flui perfeitamente em muitas outras blockchains mais novas, mais rápidas e mais baratas. Essa interoperabilidade facilita a realização de transações de forma independente da blockchain em uma faixa ampla do ecossistema de ativos digitais. A Circle está criando uma infraestrutura para lidar com transferências entre blockchains em segundo plano, para que possam acontecer de forma automática sem que os usuários percebam.
Vamos dar uma olhada na capacidade de programação do USDC, que facilita a adoção e o desenvolvimento pelas empresas.
USDC: uma “API de dólar” para acelerar a transformação digital
Enquanto a era da moeda digital acelera, o stack de tecnologia das finanças corporativas está simultaneamente passando por mudanças importantes. Impulsionadas pelo surgimento das APIs financeiras, do Open Banking e de regulamentações como a PSD2, que separam pagamentos e serviços de conta bancária, as equipes financeiras de hoje têm mais liberdade do que nunca para criar um conjunto de soluções financeiras personalizadas para as necessidades exclusivas da empresa.
Mas as estratégias de modernização digital focadas em IA, aprendizado de máquina e APIs bancárias não têm sucesso em obter os maiores benefícios. Apesar das melhorias na visibilidade dos dados e de alguns recursos básicos de tempo real, essas tecnologias ainda se aplicam apenas às transações executadas no sistema financeiro legado, que é caro, antiquado e cheio de complicações.
O USDC, por outro lado, ajuda a levar as vantagens da digitalização da tesouraria mais procuradas e da conectividade por API a um patamar totalmente novo. Você pode pensar no USDC como uma API que permite que as empresas façam transações em dólares, através da internet, com clientes, fornecedores e quaisquer outras partes envolvidas. Embora o envio e o recebimento do USDC sejam fáceis, você também pode usar o recurso e criar fluxos de trabalho personalizados e automatizados para realizar pagamentos e recebimentos em massa, livres da maior parte dos custos e dificuldades dos pagamentos globais tradicionais.
Como o USDC usa código-fonte aberto em blockchains que executam contratos inteligentes, é fácil programá-lo para condições comerciais simples do tipo "if/then" (se..., então...), independentemente de o destinatário estar na mesma rua ou do outro lado do mundo. Esses pagamentos programáveis e baseados na internet representam um grande avanço na forma como as empresas podem transferir valor.
Como obter e armazenar USDC
Qualquer empresa, instituição ou indivíduo com conexão com a internet pode criar uma carteira gratuita para armazenar e fazer transações com moedas digitais. Além dessas opções sem custos, muitos provedores, inclusive a Circle, oferecem soluções de categoria empresarial com camadas adicionais de segurança, utilidade e proteção.
A infraestrutura de conta da Circle garante às empresas uma maneira rápida e segura de fazer negócios usando moeda digital. Ela permite o acesso direto e gratuito ao USDC por meio de uma experiência de usuário semelhante a um portal corporativo de tesouraria. Isso coloca a complexidade em torno da blockchain em segundo plano, da mesma forma que os terminais de cartão eliminam a complexidade da transferência para os comerciantes. A infraestrutura do Circle Mint oferece recursos avançados de pagamentos e recebimentos, incluindo a capacidade de liquidar transações de Bitcoin e Ether como USDC. Também oferecemos internamente custódia de ativos digitais de nível empresarial e líder do setor, além de compatibilidade com custódia externa e muitos mercados e serviços baseados em blockchain (explicado em mais detalhes na Parte 5 desta série).
Talvez o fato mais importante seja que a Circle está ajudando a cultivar e fortalecer um ecossistema robusto de serviços de terceiros desenvolvidos em torno do USDC para ajudá-lo a se tornar, em essência, um novo sistema operacional global para o dinheiro. Já há milhares de aplicativos disponíveis para facilitar o uso do USDC pelas empresas e esperamos que esse ambiente cresça com o tempo.
Compreensão da nova camada de liquidação
As blockchain possibilitam que o USDC turbine os dólares americanos comuns com recursos de programação e os mesmos benefícios de custo e velocidade que outras formas de dados da internet. Embora não seja necessário ter um diploma de ciência da computação para usar o USDC, pode ser útil ter uma compreensão básica de como as blockchains operam e onde elas se encaixam na história geral da internet.
Na Parte 3, exploramos como essa nova infraestrutura digital evoluiu até agora e o que ela pode significar para o comércio global no futuro.
Blockchains e a história da internet
Desmistificando a tecnologia por trás da moeda digital
No início desta série, expomos como a sociedade e o comércio podem mudar à medida que a moeda digital ganha adoção em massa. Também analisamos como o USDC pode trazer os benefícios da moeda digital, como pagamentos baseados na internet quase gratuitos e instantâneos, financiamento na blockchain de ativos do mundo real e muito mais, para pessoas e empresas, eliminando a volatilidade.
Nesta Parte 3, voltamos nossa atenção para a infraestrutura subjacente dessa próxima camada da internet. Não é essencial que você domine os detalhes técnicos para fazer transações nas blockchains, assim como os usuários de cartões não precisam memorizar a intrincada operação interna de compensação e intercâmbio. Mas uma visão geral de onde eles se encaixam na evolução em curso da internet pode fornecer um contexto útil para ajudar você a avaliar a magnitude da possível mudança tanto para o comércio quanto para a sociedade.
Blockchains e “Web3”
As blockchains podem parecer assustadoras à primeira vista e difíceis de entender. Mas o conceito por trás delas é, na verdade, muito simples. Uma blockchain é apenas um livro-razão digital (ledger) que vários computadores sustentam simultaneamente para manter um histórico de transações compartilhado ao longo do tempo. Isso elimina a necessidade de um intermediário terceirizado, normalmente um banco ou uma câmara de compensação, para confirmar as transações.
À medida que esses livros-razão digitais aumentam em número e se tornam mais poderosos tecnologicamente, eles essencialmente se transformam em uma rede conectada e formam uma nova camada financeira da internet.
Uma maneira de pensar sobre isso é a seguinte. A internet original, ou "Web1", surgiu na década de 1990 como uma rede altamente descentralizada, ponto a ponto e somente leitura. A "Web2" surgiu da era pontocom, permitindo interações de leitura/gravação e levando a coisas novas, como as redes sociais e conteúdo gerado pelo usuário, além de recursos primitivos de comércio eletrônico. A "Web3", possibilitada pelas blockchains, é uma nova arquitetura subjacente que incorpora diretamente o dinheiro à internet, de modo que ele possa viajar como outras formas de dados, que se movimentavam online durante as eras anteriores da internet.
De forma decisiva, a Web3 também permite que ativos do mundo real sejam representados na internet por meio de identificadores digitais únicos, ou não fungíveis. Essa combinação, "tokens" não fungíveis que representam ativos do mundo real com stablecoins como o USDC, tem o potencial de permitir que qualquer pessoa, em qualquer lugar, use dólares para comprar, vender, financiar e negociar quase tudo a qualquer hora.
A Web3 permite que as pessoas possuam em uma carteira pessoal versões tokenizadas de propriedades, estejam elas relacionadas a arte e música compradas, direitos de voto em um grupo digital, imóveis e até mesmo suas individuais online, de uma forma que não era possível em outros períodos da internet.
Inovação: o valor financeiro na internet
A Web3 continua a tendência de décadas de a internet absorver cada vez mais nossa vida cotidiana. Hoje em dia, temos como certo que sites de notícias, arquivos de música e vídeo, comunicações diárias e inúmeras outras formas de dados podem viajar pelo mundo quase instantaneamente por meio da internet.
Um dos motivos pelos quais o dinheiro e as finanças resistiram a essa tendência até agora é que os navegadores comerciais originais da internet não tinham a funcionalidade de pagamentos. Naquela época, a internet não tinha uma maneira de confirmar transações sem um intermediário terceiro confiável. Isso protegeu da concorrência os sistemas de pagamentos e liquidação estabelecidos há décadas e eliminou sua motivação para realizar uma grande reforma.
Como resultado, desde o surgimento da internet comercial, o dinheiro tem sido forçado a viajar por um caminho separado e paralelo, onde as transações são geralmente medidas em dias e centenas de pontos-base.
Custo dos pagamentos tradicionais
A maioria dos avanços em pagamentos dos bancos e fintechs nos últimos 20 anos simplesmente trouxeram novas interfaces de usuário que se conectavam ao sistema financeiro legado. As blockchains, por outro lado, enfrentam esse ponto cego de frente, incorporando diretamente os fundos na estrutura da internet, contornando essa infraestrutura legada, para que se possa movimentar valor com as mesmas vantagens de custo e velocidade que outras formas de dados nativas da internet.
As blockchains estão evoluindo rapidamente
A “blockchain” não é uma categoria homogênea. Seus projetos individuais podem ser extremamente diversos e seus recursos estão evoluindo rapidamente, beneficiando tanto os desenvolvedores de rede quanto os usuários.
Os primeiros projetos de blockchain, incluindo o Bitcoin, baseavam-se na mineração, ou "Prova de trabalho" (Proof of Work, ou PoW), para confirmar as transações. A mineração do tipo PoW exige que os mineradores resolvam problemas computacionais extremamente difíceis, tornando essas redes muito lentas para processar volumes de transação em escala institucional, além de gerar uma pegada de carbono considerável devido ao grande consumo de energia.
A Ethereum, segunda maior blockchain do mundo em valor, foi lançada em 2015 como uma versão aprimorada do Bitcoin e introduziu a ideia de "contratos inteligentes" programáveis que executam automaticamente transações com base em parâmetros predefinidos. Assim como o Bitcoin, as transações da Ethereum eram inicialmente confirmadas pela mineração do tipo PoW. Mas em setembro de 2022, com o objetivo de reduzir suas emissões de carbono e melhorar a taxa de transferência da rede, a Ethereum eliminou com sucesso sua dependência da mineração em favor da validação de transações do tipo "Prova de participação" (Proof of Stake, ou PoS). Isso reduziu sua pegada de carbono em mais de 99%, abrindo caminho para um maior volume de transações e taxas mais baixas13.
Com o "Merge" da Ethereum em setembro de 2022, o Bitcoin é a única blockchain de destaque que depende da mineração do tipo Prova de Trabalho (PoW).
Inspiradas pelo Bitcoin e Ethereum, surgiram mais blockchains nos últimos anos que foram pensadas desde o início para a programabilidade de contratos inteligentes, neutralidade em carbono, velocidades de liquidação medidas em segundos, custos de transação extremamente baixos e taxa de transferência de nível empresarial.
Algorand, Avalanche, Flow, Hedera, Solana, Stellar, TRON e outras blockchains de "terceira geração" entraram em operação entre 2014 e 2021 e já são amplamente usadas para enviar e verificar muitos tipos de transação, desde negociações de ativos digitais até fluxos de pagamento e propriedade de tokens vinculados a produtos digitais e físicos.
Velocidades de liquidação da blockchain de terceira geração
Esses dados visam ser uma referência de quando a conta da Circle reconhece a liquidação, mas não devem implicar um limite absoluto das capacidades de uma determinada rede blockchain.
Evolução contínua
É provável que a infraestrutura da blockchain se torne mais forte e mais resiliente nos próximos anos, assim como a internet original evoluiu da conexão discada e do Netscape para a banda larga, o 5G e a Internet das Coisas (IoT) em larga escala. Em 1993, o acesso por modem limitava os usuários da internet a 56 kbps14. Hoje, as velocidades podem se aproximar de 2.000 Mbps15.
Velocidade média de conexão com a internet nos Estados Unidos de 2007 a 2017 (em Mbps), por trimestre16
Embora seja muito cedo para prever a trajetória exata de desenvolvimento da blockchain, a Parte 4 da nossa série explora o que as empresas podem fazer com essa infraestrutura no momento e como pensar em um futuro em que bilhões de pessoas comecem a usar as moedas digitais todos os dias.
Moeda digital para pagamentos e comércio
O que os líderes empresariais precisam saber agora
Ao longo desta série, detalhamos como a sociedade e o comércio podem mudar à medida que as blockchains e moedas digitais se tornem populares. Também situamos onde as blockchain se encaixam na história geral da internet e nos aprofundamos em como as stablecoins, como o USDC, possibilitam contornar os sistemas de liquidação legados ao potencializar o dólar americano com as mesmas vantagens de custo e velocidade de outras formas de dados da internet.
Na Parte 4, analisaremos mais detalhadamente a conveniência das moedas digitais para empresas, desde as multinacionais até os pequenos comerciantes. Embora estejamos no início da curva de adoção, há coisas que os líderes empresariais podem fazer hoje para começar a aproveitar as vantagens.
A adoção da blockchain pelas empresas poderia espelhar de muitas maneiras a migração constante para a nuvem, que tem ganhado velocidade desde meados dos anos 2010. Antes vista como uma novidade e um risco potencial, a adoção da nuvem pelos negócios agora é generalizada, e o avanço ainda maior dela pode ser inevitável.
É importante ressaltar que a adoção em massa da blockchain não ocorrerá da noite para o dia. Além disso, as empresas não precisam escolher entre a blockchain e a liquidação tradicional. O USDC pode ser integrado ao software financeiro atual, para você começar a utilizá-lo juntamente com cartões, ACH, transferências bancárias e até mesmo cheques, oferecendo uma gama ampla de opções para cada comerciante e contraparte B2B, incluindo contas entre empresas e subsidiárias.
Maneiras de usar o USDC
Os sistemas de pagamento tradicionais estão fragmentados por região, o que torna o envio internacional de valores muito lento, caro e pouco transparente. Por outro lado, a internet é global e sem fronteiras. As moedas digitais eliminam as restrições de horário bancário, de modo que as empresas não precisam mais imobilizar capital em horários fora do expediente bancário. Esses fatores podem torná-las a infraestrutura de liquidação ideal para empresas com fluxos de pagamentos internacionais. O USDC funciona de forma nativa nessa infraestrutura, ajudando as empresas a se conectarem com contrapartes B2B e comerciantes quase em tempo real e praticamente sem custo. Ele pode complementar, ou substituir, os pagamentos feitos atualmente por transferência bancária, ACH e cartão (físico e virtual).
Fluxos de B2B
- Fornecedor e pagamentos internacionais
Fornecedores internacionais são um caso de uso ideal para pagamentos com USDC, devido à liquidação quase instantânea e aos custos extremamente baixos em comparação com os pagamentos internacionais tradicionais. Para receber um pagamento em USDC, o fornecedor só precisa criar uma carteira digital gratuita compatível com USDC.
Pagar fornecedores mais rápido e com menos despesas pode aprofundar os laços com parceiros estratégicos e ajudar os compradores a negociar preços melhores. Também pode ser particularmente eficaz ao pagar fornecedores que não têm acesso ao sistema bancário em economias emergentes.
- Pagamentos entre empresas
O USDC e a infraestrutura do Circle Mint permitem uma concentração de caixa mais fácil, que não é limitada pelo expediente bancário nem pelos sistemas de liquidação. As empresas qualificadas podem criar subcontas separadas para subsidiárias diferentes e movimentar fundos quando necessário, sem as dificuldades associadas à infraestrutura bancária tradicional.
- Folha de pagamento
O USDC permite que as empresas emitam folhas de pagamento baseadas em dólares para funcionários temporários, horistas e assalariados. Ao contrário da folha de pagamento tradicional por ACH emitida a cada duas semanas, o USDC facilita muito criar pagamentos em "fluxo contínuo", que chegam automaticamente aos funcionários durante todo o dia. Esse pagamento quase em tempo real pode ajudar as empresas a atrair e reter talentos em um mercado de trabalho altamente competitivo.
- Comércio
As finanças comerciais, com seus complexos fluxos de fundos, mercadorias e documentos internacionais entre diferentes jurisdições, são outra área em que o USDC pode criar métodos eficientes e importantes para importadores e exportadores. A mudança para a blockchain pode ajudar os participantes a contornar a fragmentação dos pagamentos internacionais, automatizar a emissão de pagamentos com base em determinados marcos de remessa e trazer maior visibilidade para as faturas.
- Forex
Com o lançamento do Euro Coin pela Circle, é possível que as empresas aumentem o número de clientes ao aceitar pagamentos denominados em euros e melhorem o relacionamento com os fornecedores na Zona do Euro ao emitir faturas na moeda nativa deles, tudo isso sem deixar de gerenciam o risco do câmbio dólar-euro.
Casos de uso do comerciante
Embora ainda não seja uma prática comum, há sinais de que o uso do USDC para pagamentos de comerciantes pode se difundir. Na nossa opinião, o principal fator que impede essa tendência é que a maioria das carteiras de moedas digitais ainda está desenvolvendo uma funcionalidade de pagamento robusta. Esperamos que isso melhore muito nos próximos um a dois anos, assim como os primeiros navegadores da internet, os sistemas operacionais para dispositivos móveis e as lojas de aplicativos se tornaram mais poderosos e mais fáceis de serem usados em massa ao longo do tempo.
Momentum crescente do varejo17
Além de stablecoins como o USDC, muitos consumidores e empresas estão demonstrando interesse em pagamentos denominados em Bitcoin, Ether e outros ativos digitais. Marcas de luxo como Gucci18 e Tag Heuer19 estão liderando o caminho. A infraestrutura de contas da Circle permite que os comerciantes aceitem Bitcoin e Ether e mantenham essas moedas após a liquidação das transações ou as convertam em USDC antes da liquidação.
NFTs no envolvimento da marca e retenção de clientes
A Web3 permite que os usuários "possuam" dados digitais por meio de tokens não fungíveis, ou NFTs, que podem ser armazenados juntamente com o USDC, Bitcoin e Ether em uma carteira digital pessoal. As empresas tradicionais estão adotando os NFTs para aprofundar o engajamento do cliente, aumentar a fidelidade e criar novos fluxos de receita. As possibilidades são ilimitadas para criar novas estratégias de retenção de clientes nesta "economia de tokens".
A Nike, por exemplo, já gerou US$ 185 milhões em receita e mais de US$ 92 milhões em royalties nas suas coleções de NFT20. A Adidas faturou US$ 23 milhões vendendo uma única coleção de 30.000 NFTs21.
Outras marcas tradicionais estão formando parcerias com empresas "nativas de blockchain" novas e que já estão remodelando o comércio, assim como as gigantes da internet de hoje surgiram da era pontocom. A Dapper Labs tornou-se uma força motriz para levar a propriedade digital real para todos, fazendo parcerias com ligas esportivas em vídeos digitais colecionáveis licenciados oficialmente, incluindo o NBA Top Shot, seu principal produto, juntamente com o NFL ALL DAY e o LaLiga Golazos. O NBA Top Shot já conquistou mais de 2 milhões de usuários, que geraram 22,4 milhões de transações, totalizando mais de US$ 1 bilhão22. Ele alcançou esse crescimento, em parte, adicionando utilidade real à experiência dos fãs e facilitando para os clientes a realização de transações por meio de métodos de pagamento conhecidos, como cartões de crédito, liquidados como USDC, bem como criptomoedas.
Embora esses itens colecionáveis possam ser uma grande oportunidade de receita por si só, os pagamentos digitais e os NFTs podem se tornar uma forma muito mais estratégica de criar engajamento com as marcas. As empresas podem usar os NFTs para recompensar os clientes de maneiras inovadoras e personalizadas, resultando em experiências diferenciadas e relacionamentos mais sólidos23.
Stablecoins e NFTs também podem tornar os programas de fidelidade de “circuito fechado” mais baratos, fáceis e estimulantes. Os pagamentos com cartão podem ser liquidados como USDC, o que significa que os clientes não precisam mudar de comportamento no ponto de venda e as empresas podem criar experiências baseadas em tokens, mais personalizadas e impactantes para os clientes. Esse pode ser um ponto de entrada importante para as empresas que ainda não criaram esse tipo de programa de fidelidade devido aos custos e à falta de escalabilidade.
Estamos nos primeiros estágios do uso de pagamentos e tokens para aprofundar o engajamento do cliente e este é o momento de começar a formular uma estratégia.
NFTs em jogos e entretenimento
A indústria global de jogos é um dos maiores setores do entretenimento, com 3,2 bilhões de jogadores e mais de US$ 180 bilhões em receita anual24. Os estúdios de jogos estão começando a encontrar maneiras criativas de usar NFTs para oferecer a propriedade de ativos dentro dos jogos para gerar novas receitas e aumentar a retenção. Além disso, alguns jogos estão se expandindo e se integrando uns aos outros, oferecendo aos gamers a oportunidade de transportar os ativos NFT que adquiriram de um jogo para outro. Prevemos que essa tendência continuará à medida que mais jogos se fundirem em um "metaverso" aberto e conectado.
Antes da pandemia de 2021-2022, a receita de eventos de música ao vivo nos Estados Unidos totalizava mais de US$ 25 bilhões por ano25. Os ingressos para esses eventos representam uma oportunidade inovadora para organizadores e artistas usarem NFTs para saber mais sobre os fãs e interagir com eles por meio de experiências únicas e restritas26.
Em ambos os casos, o USDC pode atuar como uma camada de liquidação de valor estável para facilitar essas transações.
Receita do setor da música ao vivo em todo o mundo de 2014 a 2025 (em bilhões de dólares)27
Juntando tudo
Uma mudança radical na história dos ativos digitais e da internet como um todo está em andamento, com avanços tecnológicos contínuos e regulamentações claras que impulsionam a adoção em massa em transações do dia a dia nos próximos anos por empresas, comerciantes, instituições e indivíduos. Negócios tradicionais, companhias nativas de blockchain e bilhões de pessoas em todo o mundo podem se beneficiar à medida que o dinheiro e a internet convergem e fomentam um ao outro.
Na última parte da nossa série, detalhamos como a moeda digital está ajudando a criar uma nova infraestrutura descentralizada de mercado de capitais e, potencialmente, levando os benefícios da liquidação pela internet para os locais de negociação tradicionais.
A ascensão dos mercados financeiros baseados em software
O impacto da blockchain no mercado de capitais
Até agora nesta série, cobrimos o potencial da blockchain de redefinir o comércio global e a internet, juntamente com o papel das stablecoins na redução da complicação dos pagamentos legados. Na Parte 5, voltamos nossa atenção para o mercado de capitais, incluindo as inovações na estrutura do mercado das finanças decentralizadas (DeFi), e para como as empresas tradicionais poderiam utilizar as blockchains para melhorar a eficiência dos participantes no mercado e, ao mesmo tempo, reduzir os riscos.
Infraestrutura descentralizada
Os provedores centralizados de moeda digital podem ser considerados destinos por direito. Mas, para muitas instituições, os provedores centralizados são apenas estações ao longo de uma jornada mais profunda em direção ao potencial totalmente descentralizado da Web3, em que grande parte do trabalho normalmente realizado nos mercados tradicionais por grandes intermediários financeiros é automatizado por meio da programação.
Para compreender a fundo o mundo dos mercados automatizados, é essencial entender a importância da introdução dos contratos inteligentes na Ethereum em 2015. Em poucos anos, os contratos inteligentes deram origem ao comércio "programável" e ao mercado de capitais que operam com base em software. Esses mercados DeFi, ou "protocolos" no jargão do setor, levam a eficiência da blockchain para empréstimos, negociações e outros tipos de transação.
O USDC já é um ativo dominante no âmbito das finanças descentralizadas28. Os operadores do mercado valorizam sua utilidade como meio de liquidação e frequentemente o usam como garantia em protocolos de empréstimo. Em grande parte devido à utilidade do USDC, há um impulso crescente por trás do uso do DeFi para financiar a atividade econômica do mundo real, de faturas comerciais a imóveis e projetos em regiões sem acesso aos serviços financeiros tradicionais.
Imenso potencial de crescimento
A mudança de paradigma das finanças descentralizadas vai muito além da criação de novos ativos e do aumento da acessibilidade. A infraestrutura do mercado de capitais baseada em blockchain permite que as negociações sejam liquidadas quase instantaneamente, em vez das janelas de liquidação D+2 legadas. E elimina a necessidade de intermediários caros e contas nostro/vostro para os traders. As trocas na blockchain não precisam de câmaras de compensação centrais, como a Depository Trust and Clearing Corporation (DTCC), e a maioria das blockchains compatíveis com o USDC oferece custos de transação extremamente baixos, além de visibilidade quase em tempo real sobre os fluxos de fundos para fins de geração de relatórios e auditoria.
Nesta fase inicial, muitos mercados de finanças descentralizadas estão protegidos por sobrecolateralização. Por enquanto, essa sobrecolateralização tem reduzido a eficiência do capital do DeFi, mas ajudou os mercados descentralizados a sobreviver durante a volatilidade extrema dos ativos digitais ao longo de 2022. Isso contrasta fortemente com muitos fornecedores centralizados conhecidos que desapareceram, talvez devido à sua incapacidade de gerir adequadamente o risco de determinadas posições.
Já existem sinais de progresso em direção à resolução dessa ineficiência de capital. A Circle e outras empresas estão avançando em soluções de "identidade descentralizada" com rapidez. Elas permitem que as empresas verifiquem suas identidades na blockchain mantendo a privacidade do usuário. É provável que esse espaço evolua consideravelmente no futuro próximo, à medida que mais instituições tradicionais busquem exposição ao DeFi.
Outros avanços estruturais recentes estão tornando o DeFi mais adequado às instituições, como acordos legais vinculativos que refletem os acordos-padrão de devedor/credor de fora da blockchain.
confira os detalhes de vários tipos de mercado DeFi.
Trading
Os Formadores de Mercado Automatizados (Automated Market Makers, ou AMMs) substituem o aspecto humano da criação do mercado tradicional por códigos e contratos inteligentes a fim de fornecer liquidez e definir preços. Eles são guiados por uma arbitragem simples com o objetivo de manter o equilíbrio. A Uniswap foi pioneira no modelo AMM, quando lançou o Protocolo Uniswap descentralizado e de código aberto na Ethereum em 2018. Desde então, tornou-se a maior corretora descentralizada do mundo31. Esse protocolo movimentou mais de US$ 1,2 trilhão em negociações, incluindo mais de US$ 85 bilhões somente no seu auge, em novembro de 202132, e entre US$ 30 bilhões e US$ 50 bilhões por mês durante o final de 2022, mesmo com a esfriamento do mercado de ativos digitais. O USDC é amplamente utilizado no protocolo Uniswap, oferecendo liquidez sempre ativa, mesmo em ativos pouco negociados.
Empréstimos
O Compound é um protocolo algorítmico de taxa de juros desenvolvido na Ethereum que usa o USDC e muitos outros ativos digitais. Ele tem como foco a adoção por instituições tradicionais e nativas de blockchain. O Compound Treasury tornou-se o primeiro protocolo DeFi a obter uma classificação de crédito da S&P em maio de 202233.
Outros protocolos de empréstimo estão criando os alicerces necessários para empréstimos na blockchain que vão além da troca de ativos sobrecolateralizados, em direção à extensão de crédito parcialmente garantido e até mesmo sem garantias.
Financiamento de ativos no mundo real
O Goldfinch é um protocolo de crédito que conecta o DeFi aos mercados de dívida privada do mundo real com o objetivo de ampliar o acesso financeiro. Os investidores disponibilizam USDC para os tomadores de empréstimo do Goldfinch, que o colocam para trabalhar em pequenas e médias empresas (PMEs) e fintechs verificadas que, de outra forma, enfrentariam dificuldades para acessar capital. Isso demonstra como as finanças descentralizadas podem ajudar a resolver problemas de setores empresariais em crescimento nos mercados emergentes e que muitas vezes são negligenciados pelos provedores financeiros tradicionais34.
O financiamento imobiliário alimentado pelo USDC também está se tornando realidade. Em outubro de 2022, a venda de uma propriedade tokenizada realizada com o USDC ocorreu por meio do Origin Story, um mercado de NFT, com financiamento fornecido pelo Protocolo Teller35. Em vez de vendas e liquidações caras e demoradas, a venda da propriedade na Carolina do Sul, EUA, foi fechada instantaneamente.
Prevemos que os protocolos DeFi serão cada vez mais utilizados no financiamento de ativos do mundo real devido à significativa economia de tempo e de custo e à maior transparência em mercados historicamente complicados e pouco transparentes.
Mercados privados nas blockchains públicas
Algumas instituições podem preferir combinar os benefícios de blockchains públicas com plataformas de negociação privada, onde o acesso permissionado é concedido a um conjunto selecionado de empresas de trading. Esse tipo de plataforma de negociação pode trazer os benefícios dos mercados intermediados por software — liquidação quase instantânea, custos extremamente baixos, imutabilidade e transparência em tempo real — ao mesmo tempo que permite uma curadoria rigorosa da contraparte.
A seleção cuidadosa das contrapartes também poderia ajudar a reduzir os requisitos de margem em comparação com muitos mercados DeFi permissionless (sem a necessidade de permissão de terceiros) que, conforme descrito acima, muitas vezes exigem que os traders coloquem valores de garantia até duas vezes maiores que a posição.
Esse tipo de plataforma poderia ser usado não apenas para negociar ativos digitais como BTC e ETH, mas também versões tokenizadas de ações, renda fixa, moedas, commodities, imóveis e outras classes de ativo. Várias blockchains que oferecem a liquidez do USDC, incluindo Avalanche e Polygon, permitem criar esse tipo de infraestrutura híbrida pública/privada.
Os gestores de ativos também podem se beneficiar do uso desse tipo de arquitetura permissionada para liquidar fluxos internos e de clientes com novos níveis de velocidade, transparência e eficiência de custos.
USDC como garantia de margem
Os derivativos tradicionais, incluindo opções e futuros, representam um mercado de US$ 18 trilhões36 pronto para uma transformação estrutural por meio da adoção de stablecoins, como o USDC. Manter uma posição em derivativos aberta normalmente requer a apresentação de garantias consideráveis em dinheiro, até 35% do valor nocional de alguns futuros comuns de data próxima37. No total, quase 300 bilhões de dólares em garantias foram mantidos apenas nas Futures Commission Merchants (corretoras de comissões de futuros) dos Estados Unidos em outubro de 202238.
Embora o valor das posições em derivativos possa mudar de uma hora para o outra, o ajuste de garantia correspondente geralmente ocorre com atraso, devido às complicações inerentes aos pagamentos tradicionais. Além disso, alguns ativos são negociados em vários locais ao redor do mundo, enquanto outros têm preços futuros negociados globalmente 24 horas por dia, fora do horário de negociação do ativo subjacente. Nesses casos, a fragmentação e a limitação horária dos sistemas bancários globais podem criar atrasos prejudiciais para as contrapartes que precisam liquidar ajustes de garantia internacionalmente.
O USDC pode desempenhar um papel importante na eliminação da ineficiência estrutural de longa data dos mercados de derivativos. Sua natureza global e sempre ativa significa que ele está sempre disponível, mesmo no exterior, para suplementação de margens e pagamentos. Para as instituições que negociam em várias corretoras, a capacidade de concentrar a liquidez em uma única pool elimina a necessidade de manter liquidez separada em cada plataforma e reequilibrar tudo manualmente. E sua programabilidade simples significa que os operadores do mercado podem automatizar a manutenção da margem.
Liquidação de blockchain em plataformas de negociação de ações
Os benefícios potenciais das blockchains e das moedas digitais são tão grandes que os locais de negociação de ações também estão estudando como alcançar essas economias de custo e de tempo.
Em 2021, a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unido) adicionou planos para liquidação no dia seguinte à sua agenda de trabalho39. Já a DTCC, que processa US$ 1,7 trilhão em volume de negociação diário, anunciou a conclusão do seu "Project Ion", uma blockchain privada do tipo "Prova de Conceito" (Proof of Concept) cujo objetivo é encurtar consideravelmente a liquidação de ações do tradicional "D+2", ou dois dias após a negociação ser acordada40.
O Project Ion foi lançado com sucesso em 2022 e iniciou um ensaio no qual processa uma média de 100.000 negociações por dia41. A DTCC está trabalhando no Project Ion em colaboração com muitas empresas de mercados tradicionais, incluindo Barclays, BNY Mellon, Charles Schwab, Citadel Securities, Citigroup e Credit Suisse42.
Embora não seja tão rápido quanto a liquidação quase instantânea disponível nos mercados descentralizados, até mesmo uma mudança para D+1 poderia gerar grandes melhorias na estrutura do mercado de ações e liberar a margem retida de um dia inteiro. A DTCC observa que o D+1 poderia reduzir consideravelmente os requisitos de garantia para corretores/negociantes. Ao mesmo tempo, aumentaria a resiliência do mercado e reduziria os riscos sistêmicos, operacionais e de outros tipos43.
Até que as blockchains públicas sejam amplamente aceitas, grande parte dessa atividade pode ocorrer em blockchains totalmente privadas e permissionadas. O USDC também poderia estar bem posicionado para desempenhar um papel nesse cenário.
Seu parceiro de nível institucional
À medida que você navega pelo novo mundo dos ativos digitais, pode ser difícil encontrar informações confiáveis para ajudá-lo a separar o que é essencial do que é apenas burburinho. A equipe da Circle tem décadas de experiência na criação e administração de empresas internacionais de capital aberto e está trabalhando ativamente com legisladores do mundo todo para ajudar a moldar o futuro das stablecoins e da moeda digital. Podemos ajudar a impulsionar seu negócio nessa próxima era da internet com soluções desenvolvidas especificamente para empresas e instituições. Entre em contato conosco, a qualquer momento, para saber como podemos ajudar.
Atenciosamente,
Jeremy e Kash
Written by
Jeremy Fox-Geen
Diretor Financeiro
Jeremy Fox-Geen tem 25 anos de experiência em finanças corporativas e serviços financeiros, como consultor estratégico, operador e diretor financeiro. Ele ocupou cargos de liderança sênior na iStar e Safehold, McKinsey, PwC e Citigroup, como CFO, consultor de gestão e diretor financeiro.
Kash Razzaghi
Diretor de Negócios
Kash Razzaghi supervisiona as operações de receita global da Circle, incluindo vendas, parcerias, soluções e sucesso do cliente. Anteriormente, atuou como vice-presidente sênior de Vendas na Brightcove, onde foi responsável por toda a receita e sucesso do cliente nas Américas. Antes da Brightcove, atuou como CEO da Fancred, uma plataforma de mídia digital focada em esportes.
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