Como as Fintechs e os Neobanks podem liberar o poder das stablecoins
ESCRITO POR
Jeff Lennox
Diretor sênior de Desenvolvimento de Negócios Empresariais
Sandra Persing
Vice-presidente de Marketing de Produtos e Desenvolvimento
Pontos mais importantes
- A chegada das blockchains e da moeda digital possibilita a incorporação de valor diretamente na estrutura da internet, proporcionando as mesmas vantagens de custo, velocidade e escala de e-mail, texto, vídeo e outros tipos de dados da internet
- Trata-se de um grande avanço para os desenvolvedores de fintechs, que normalmente limitam-se a aprimorar as experiências de usuário de front-end, uma vez que a infraestrutura de pagamento têm sido guardada a sete chaves pelos intermediários tradicionais
- As moedas digitais em dólar, como o USDC da Circle, proporcionam aos desenvolvedores o acesso direto a dólares de código aberto liquidados quase instantaneamente e de forma econômica para serem integrados aos seus aplicativos e serviços
Maximização do potencial da tecnologia financeira
As finanças e a tecnologia estão interligadas há séculos, moldando e refazendo uma à outra continuamente desde 1866, quando o primeiro cabo transatlântico permitiu a transmissão eletrônica de valores por meio do código Morse.1
Embora as finanças e a tecnologia tenham se desenvolvido sempre juntas no Século XX, o surgimento da internet em 1990 impulsionou uma nova era de fintech que ainda está se expandindo até hoje. Os computadores em rede e os dispositivos móveis ajudaram a democratizar o acesso a informações financeiras para instituições e indivíduos e os avanços na segurança deram a milhões de pessoas, e depois a bilhões, convicção suficiente para confiarem seus dados pessoais mais confidenciais a essa infraestrutura digital.
Serviços bancários e de corretagem online, fluxos comerciais institucionais digitalizados, redes de pagamento peer-to-peer e uma gama de ferramentas analíticas quase em tempo real são apenas alguns dos avanços que as empresas fintech lançaram no mundo nas últimas décadas.
Apesar dessa inovação e desse progresso importantes, talvez estejamos vendo apenas uma parcela ínfima do que as fintechs podem realizar, dado o surgimento da moeda nativa da internet e dos ledgers (livros-razão) de nível empresarial na última década.
Apesar de toda a velocidade, facilidade e conveniência que as fintechs proporcionaram ao mundo até agora, a maior parte da inovação concentrou-se na experiência de front-end com o usuário. Isso se deve ao fato de que a infraestrutura financeira subjacente tem sido guardada a sete chaves por intermediários antigos e, em sua maior parte, fora dos limites dos desenvolvedores. Até o surgimento das blockchains, era impossível usar a internet diretamente para transferir valores de um lado para outro.
A moeda digital pode alcançar os desbancarizados*
*Dados do Banco Mundial
Embora a inovação dos front-ends da fintech tenda a resultar em produtos digitais, bonitos, elegantes, rápidos, eficientes, conectados e responsivos, projetados de acordo com as necessidades dos usuários, as vias de pagamento subjacentes legadas são analógicas, caras e construídas em uma era anterior ao e-mail. Automated Clearing house (ACH), "redes" de correspondentes bancários e a infraestrutura de cartões simplesmente não acompanharam todas as outras facetas da nossa vida diária que migraram para o ambiente online desde que esses sistemas de liquidação foram introduzidos originalmente.
A chegada das blockchains e da moeda digital ajuda a resolver isso. Juntos, estão acelerando a convergência do dinheiro e da internet. Em meio ao ruído, à publicidade e a especulações de altos e baixos, é fácil perder de vista a importância central e a verdade simples das blockchains: elas possibilitam a incorporação de valor diretamente na estrutura da internet.
Esse grande avanço significa que a internet tornou-se agora uma infraestrutura de comércio nativo, permitindo que as fintechs e seus clientes contornem os custos significativos e o atrito que a infraestrutura de pagamento legado podem impor aos indivíduos e usuários institucionais, ao mesmo tempo em que alcançam quase 2 bilhões de pessoas em todo o mundo que não têm acesso ao sistema bancário, mas possuem um dispositivo conectado à internet.
A utilidade da infraestrutura do dólar digital
O USDC é exclusivamente adequado às necessidades dos desenvolvedores de fintech. É basicamente uma API de código aberto que os desenvolvedores podem acessar facilmente e construir diretamente em uma ampla gama de produtos de fintech. Ao contrário dos dólares tradicionais, o USDC pode alcançar praticamente qualquer pessoa em todo o mundo com uma conexão com a internet.
Acreditamos que o número de usuários ativos de moeda digital aumentará consideravelmente à medida que os recursos da carteira continuarem melhorando e mais pessoas se conscientizarem do que é possível nessa nova camada da internet.
Isso espelharia a trajetória da internet original, quando o surgimento dos primeiros navegadores em 1990 deu origem à adoção global em massa e a uma série de aplicativos incríveis, incluindo pesquisa, redes sociais e streaming de vídeo usados hoje por bilhões de pessoas.
USDC em ação
O USDC é um verdadeiro ativo, como dinheiro, mas em formato digital. Ele possibilita aos titulares a autocustódia e pode ser transferido na alta velocidade e baixo custo da internet. O USDC é totalmente reservado, com a reserva mantida em contas segregadas para o benefício dos proprietários de USDC. Por lei e regulamento, a Circle não pode usar a reserva do USDC para fins corporativos.
Agora vamos dar uma olhada na infraestrutura que estamos construindo para fazer com que o USDC flua sem problemas pelo ecossistema da blockchain.
Infraestrutura projetada para desenvolvedores de fintechs
Embora não seja necessário entender blockchains ou criptografia do ponto de vista de um engenheiro, pode ser útil saber onde eles se encaixam na história da Internet. As blockchains nada mais são que livros-razão digitais que vários computadores compartilham e armazenam para acompanhar o histórico das transações. Isso elimina a necessidade de um intermediário terceirizado, normalmente um banco ou uma câmara de compensação, para confirmar as transações.
As blockchains estão aumentando em número e potência, estão se transformando em uma rede conectada e formando uma nova camada financeira da internet. A “Web3”, como costuma ser chamada essa camada baseada em blockchains, incorpora diretamente o dinheiro e reivindicação de propriedade de ativos do “mundo real” para serem representados na internet por meio de identificadores digitais exclusivos, ou não fungíveis.
Essa combinação, "tokens" não fungíveis que representam ativos do mundo real, combinados com stablecoins como o USDC, poderia abrir um mundo em que praticamente qualquer pessoa, em qualquer lugar, poderia usar dólares para comprar, vender, financiar e negociar quase tudo a qualquer momento.
O USDC já está ativo em muitas blockchains habilitadas para contratos inteligentes, inclusive a Ethereum, com outras integrações de blockchain programáveis planejadas. Pretendemos disponibilizar o USDC onde os desenvolvedores estiverem ativos e a segurança correta estiver em vigor, para ser usado amplamente em todo o ecossistema de blockchain.
Conforme salienta nosso Diretor de Produto, Nikhil Chandhok, a capacidade de componibilidade de código aberto é fundamental para o ethos e a aplicação prática da tecnologia Web3. Não só as blockchains que hospedam o USDC são programáveis, como também está surgindo um novo mundo de "elementos fundamentais" financeiros de código aberto que os desenvolvedores de fintechs podem acessar, compartilhar, configurar, organizar e combinar infinitamente para criar novos serviços financeiros executados apenas com código. Mais desses elementos fundamentais estão aparecendo todos os dias.
O USDC foi projetado como uma manifestação incrivelmente útil desse conceito. Ele próprio é um desses elementos básicos de código aberto e já está sendo incorporado a muitos mercados financeiros e serviços de pagamentos baseados em contratos inteligentes de código aberto na blockchain atualmente.
Nos bastidores, como explica a Diretora de Tecnologia da Circle, Li Fan, também estamos fazendo com que mais da complexidade da blockchain fique em segundo plano. Não há duas blockchains iguais e cada uma apresenta razões e atrativos válidos para empresas e desenvolvedores. Nosso Cross-Chain Transfer Protocol (CCTP) ajuda a eliminar problemas ao enviar USDC entre as blockchains compatíveis. Isso torna o USDC interoperável em várias redes e oferece às fintechs mais opções para criar aplicativos que seus usuários podem acessar sem se preocupar com silos.
Como as fintechs e neobanks podem usar o USDC
Ainda estamos no início da era da moeda digital. Os usos da moeda digital em dólar são praticamente ilimitados e a maior parte deles provavelmente ainda nem foi inventada. Veja a seguir algumas das maneiras pelas quais as fintechs utilizam essa infraestrutura atualmente.
- Remessas
A projeção é de que as remessas globais cheguem a US$ 630 bilhões em 2022.2 Cerca de 800 milhões de pessoas – 1 em cada 9 pessoas em todo o mundo – recebem fundos enviados para casa por trabalhadores migrantes.3 As fintechs podem fazer parceria com a Circle para permitir que os clientes de remessas enviem dólares de volta para casa sem os custos e atrasos das transações internacionais tradicionais. O USDC pode ser enviado para qualquer lugar de forma quase instantânea e econômica.
- Dolarização
A inflação está aumentando em todo o mundo, fazendo muitas pessoas fora dos EUA desejarem o acesso a dólares. A Circle pode ajudá-lo a possibilitar que seus clientes enviem, gastem e armazenem dólares com, ou em vez de, moedas locais voláteis ou desvalorizadas. Além disso, frequentemente as pessoas em países com inflação alta são impedidas de acessar dólares por meio do sistema bancário. Em vez disso, as fintechs podem oferecer dólares a seus clientes via internet.
- Acesso a novos serviços financeiros
O USDC é um ponto de acesso fácil à decentralized finance (DeFi), uma nova classe de plataformas para empréstimos e negociação que funcionam nas blockchains. Os mercados DeFi operam inteiramente em software e código, em vez de intermediários financeiros tradicionais, muitas vezes tornando-os mais rápidos e baratos do que os serviços financeiros tradicionais. As maiores plataformas de DeFi lidam frequentemente com dezenas de bilhões de dólares em volume mensal.
O que a Circle oferece
Circle Mint – as fintechs qualificadas podem acessar o USDC diretamente de nós por meio do Circle Mint. Essa experiência semelhante a um portal de tesouraria corporativa abriga a emissão e a conversão e também é a base para as APIs que as fintechs podem usar para aceitar pagamentos em moeda digital, fazer pagamentos quase instantâneos com USDC e automatizar transações para aumentar a eficiência.
Carteiras programáveis – nossas carteiras programáveis oferecem uma solução abrangente para o desenvolvedor armazenar, enviar e gastar USDC e outras moedas digitais, além de tokens não fungíveis (NFTs non-fungible tokens). A custódia de ativos pode ser gerenciada por provedores de fintech ou por seus usuários. Disponíveis por meio de API e SDK móvel, nossas carteiras permitem que as fintechs incorporem esses recursos em aplicativos existentes, onde podem optar por gerenciar chaves privadas e como são usadas ou capacitar seus usuários com controle total por meio de carteiras controladas pelo usuário.
Área de testes para desenvolvedores – faça experiências em um ambiente seguro que funciona exatamente como sistemas em produção. Teste integrações e solicitações de API sem realizar transações financeiras reais. Crie um código que se converta facilmente em uma versão de produção trocando URLs e chaves de API. Investigue novos fluxos de trabalho ou refatore aplicativos existentes para minimizar bugs e otimizar a experiência do usuário. Confirme se os produtos e serviços funcionam conforme o esperado antes de entrarem em operação.
É hora de construir
A moeda digital e a blockchain estão entre os maiores avanços e oportunidades na história da tecnologia financeira. Trabalhar com a Circle e o USDC pode posicionar sua empresa para tirar proveito dessa infraestrutura transformadora. Nossa equipe adoraria ouvir sua opinião e ajudar a começar a desenvolver ainda mais.
- "Fintech: A história e o futuro da tecnologia financeira". The Payments Association, 12 de outubro de 2020. Obtido em 15/5/23 de: https://thepaymentsassociation.org/article/fintech-the-history-and-future-of-financial-technology/
- Banco Mundial, 11 de maio de 2022. Obtido de: https://www.worldbank.org/en/news/press-release/2022/05/11/remittances-to-reach-630-billion-in-2022-with-record-flows-into-ukraine
- As Nações Unidas, 17 de junho de 2019. Obtido em: https://www.un.org/development/desa/en/news/population/remittances-matter.html#:~:text=Currently%2C%20about%20one%20billion%20people,who%20have%20migrated%20for%20work.